Nesse final de semana, estive na Faculdade São
Luís de França para um novo módulo da Pós Graduação em Didática e Metodologia
do Ensino Superior. Dessa vez estudamos a disciplina Fundamentos da Educação a
Distância com a Profª Msc. Elissandra Silva.
Entre
debates sobre o que é a EAD, seus benefícios e dificuldades... Discutimos sobre
as diferenças geracionais e a sua influência no processo de ensino e
aprendizagem, e sobre o fato de que o professor não pode mais agir com
imposição, mas com negociação.
Mais uma vez ouvi, que faço parte da
“Geração Y” (geração que compreende a Era do Conhecimento e que é formada por
jovens, crianças e adolescentes, que nasceram entre 1981-2010, ou seja, estão
na faixa etária dos 33 a 04 anos de idade).
A “Geração Y” tem as seguintes
características:
1-É uma geração que se diferencia pela
atitude desafiadora e contestadora...
“Questionam a tudo e a todos”.
2-São Multi – Tarefas (fazem várias
coisas ao mesmo tempo, como por exemplo, estudam ouvindo música enquanto
acessam a internet).
3-Prezam pela Qualidade de Vida.
4-Consomem muita informação, mas
selecionam as que são do seu interesse.
5- São exigentes
6- Não são fidelizados às grandes marcas
de produtos (gostam de inovações).
7- Possuem Blogs, wikes etc...
8- Escrita e Edição Colaborativa.
9- Aprendem a solucionar seus problemas
com as suas comunidades virtuais.
10- Constroem conhecimento através das
discussões
11- São formadores de opinião coletiva.
12- Usam ferramentas de aprendizagem
colaborativa.
13- Praticam relacionamento on- line.
14- Não vivem para o trabalho, mas
“trabalham para viver”.
Percebi que sou uma jovem típica da “Geração
Y”, e que leciono na Universidade a alunos que, em sua maioria, fazem parte
dessa mesma geração.
Por conta disso, comecei a analisar o “Conflito
Geracional” presente na Primeira Igreja Batista de Aracaju.
Lembro que enquanto estive como membro
da Igreja, ouvi que a PIBA possuía 300 jovens há alguns anos atrás... E que esse número foi reduzindo
significativamente chegando a 80 jovens. Percebi que esses jovens, em sua
maioria, são “jovens obrigatórios”, ou seja, jovens que estão na Igreja porque
as suas famílias, seus pais e familiares são líderes ou compõe tradicionalmente
a membresia da instituição.
Sendo que alguns filhos de líderes da
Igreja, como os do Diácono Fernando Santos e tantos outros, não frequentam as
atividades e cultos programados. Tendo em vista, que a participação nas
atividades da Igreja é algo exigido pela Liderança a outros jovens, esses
jovens como filhos de líderes deveriam ser os primeiros a “darem o exemplo”.
Mas voltando a análise do Conflito
Geracional dentro da Primeira Igreja Batista de Aracaju...
Lembro que em sala de aula, na Escola
Bíblica Dominical, certa vez foi debatido que a Diretoria da Igreja, algo em
torno de 95% não é composta por jovens. Percebemos que quando um jovem é eleito
tem dificuldades em ter as suas opiniões acolhidas e colocadas em prática, por
conta disso, silenciam diante dos “mais velhos”.
Convém ressaltar, que existem jovens na
Igreja, com formação acadêmica e intelectual, e conhecimentos bíblicos,
suficientes para exercerem determinadas funções. E que muitos idosos da Igreja
não possuem se quer nível superior, quanto mais mestrado e doutorado.
Mas que, no entanto, alegando maturidade
e “experiência de vida”, se sentem superiores aos jovens sendo que muitas vezes,
agem e se comportam como se fossem jovens da nossa faixa etária, chegando até
mesmo ao ridículo.
Lembro que certa vez, quando já estava
perdendo o “encantamento com a Igreja” conversando com uma jovem sobre o
comportamento de alguns irmãos, em sua maioria, nada condizentes com os
princípios bíblicos, ouvi a seguinte frase:
“Os mais velhos são os piores...”.
Comecei a observar que dentro da
Primeira Igreja Batista de Aracaju, muitos homens e mulheres na faixa dos 40 a
50 anos, se comportam como “garotinhos” e “garotinhas” de 15 anos.
São eles que comandam a Igreja e se
sentem os “jovens” no meio de uma membresia repleta de idosos entre 65 a 80
anos.
Tanto o meu ex Pastor Presidente Paulo
Sérgio dos Santos, quanto o meu ex- professor de EBD, Elias Linhares Lima,
assim como a irmã Anamira Silvino, e tantos outros irmãos mais velhos, algumas
vezes agem e se comportam como se fossem jovens da minha faixa etária, (se
brincar se sentem até mais novos do que eu), exigindo serem respeitados, mas
sem darem o devido exemplo, colocando-se no seu lugar de mais velhos.
Isso mesmo, mais velhos!
Porque a diferença entre a minha idade,
e a dos mesmos, chegar a ser de aproximadamente 20 anos...
O
equivalente a uma Geração, no ponto de vista histórico e sociológico.
Lembro que certo dia, conversando com um dos Pastores da Igreja, fui obrigada a corrigi-lo e a dizê-lo:
“A jovem aqui, sou Eu!”
A inversão de valores é tão tamanha, que
o meu ex – Pastor Presidente Paulo Sérgio dos Santos, se comporta como se fosse
uma criança, um jovem adolescente, perdendo a noção do ridículo, ao saber que
foi apelidado de “baiacu”.
Parece até que nunca foi à escola, nunca
recebeu apelidos, nunca apelidou ninguém...
Tem um jovem da Igreja chamado Jonas
“Urubu”... Por sinal, considerado
“subversivo” por alguns líderes.
Que age de forma mais madura e
inteligente, ao ser chamado de “Urubu”, que o Pastor Presidente ao ser chamado
de “Baiacu”.
O mais gritante, é que o Pr. Paulo
Sérgio dos Santos é um Pedagogo por formação.
Mas o diploma só serviu de titulação,
não de abertura de visão de mundo. Porque de Pedagogia ele não tem é nada!
Mas voltado ao assunto, esse Conflito Geracional
está presente em todas as classes e níveis sociais, mas, sobretudo na classe
média e média alta. É comum muitos
homens e mulheres passarem pela “crise de meia idade”, onde começam a agir e a desenvolver amizades com jovens de 20 e
20 poucos anos... Não compreendendo que
algumas atitudes e comportamentos são peculiaridades de cada geração.
Enquanto isso os verdadeiros jovens da
Igreja, que estão na faixa dos 18 aos 35 anos, NÃO fazem parte do Processo
Decisório da Igreja, principalmente das DECISÕES ESTRATÉGICAS aquelas que
definem o rumo da Organização, primeiro porque não incentivados para isso,
segundo porque mesmo que queiram mais cedo ou mais tarde, serão “minados”, pelos
mais velhos que temem perder o controle da Igreja, e os status dos cargos que ocupam. Como existem poucos jovens na Igreja, algo em
torno de 80 jovens, em uma amostra de 1.000 membros, os jovens não tem peso de
voto em Assembleias, e os jovens que são habilitados a votar são influenciados
pela Liderança, tendencionando os seus votos.
Os jovens na Igreja servem apenas para
fazer missões e evangelismo, apresentar números de dança, peças de teatro, e
ser da “bandinha” de música, ou melhor, da equipe de “louvor e adoração” da
Igreja, no máximo Líderes de Jovens ou Professores de Departamentos.
Digo “bandinha”, porque não há
incentivos financeiros, por parte da Liderança da Igreja para o crescimento dos
grupos de louvor, no sentindo de lançamento e comercialização de CD, construção
de carreiras musicais etc.
Os jovens talentos musicais da Piba, em
sua maioria, ficam nas “quatro paredes” da Primeira Igreja Batista de Aracaju.
Incentivos financeiros, eis a questão! O
Departamento de Jovens da Piba recebe menos recursos do que muitos outros
departamentos...
Como já havia citado anteriormente,
poucos jovens fazem parte da Liderança, sendo que pouquíssimos conseguem
sobreviver dentro desse Sistema Tradicional e fora da realidade contemporânea.
Convém ressaltar que os que sobrevivem em sua maioria, são filhos de líderes, ou
de membros antigos da Igreja, e tornam-se líderes de jovens, líderes da equipe
de louvor, ou são professores de EBD...
Não há investimentos em cursos
profissionalizantes dentro da Igreja tendo os jovens como público – alvo, e
quando alguns cursos são oferecidos, tem como público alvo os idosos, sendo
cursos totalmente fora da realidade tecnológica e globalizada.
Como por exemplo, em vez de oferecer
cursos de computação, cursos de línguas estrangeiras, e realizar parcerias com
instituições que trabalham com capacitação para o mercado de trabalho como o
SENAI, SENAC etc... A Igreja oferece cursos de confecção de objetos de
decoração, sabonetes, crochês, almofadas, enfim, cursos que não são mais tão
valorizados pelo mercado e pela Sociedade do Conhecimento, e que não oferecem a
oportunidade de se ter bons retornos financeiros.
Incentivo aos estudos acadêmicos praticamente não existe!
Os jovens dentro da Igreja são
incentivados a estarem na Igreja em todos os dias de atividades. Sendo que a
Igreja tem atividades de domingo a domingo!
Você estuda, sai correndo, porque tem
atividade na igreja...
Você “mata aula”, porque tem atividade
na igreja...
Você sai mais cedo, do seu estágio ou
trabalho, porque tem atividades na igreja...
Moral da História:
Muitos jovens irmãos, se não tiverem boa
base familiar, com pais que se preocupam com o acesso a Educação e Formação
Profissional, desistem de estudar, por causa da Igreja!
Acredito que muitos Pastores, só deixam
os irmãos trabalharem porque precisam dos dízimos e ofertas para manter a
Igreja e se sustentarem. Por que se não, acho que ninguém era para trabalhar
secularmente!
Como se Pastor, Missionário, Professor
de EBD, Diretores de Departamento não fossem atividades seculares, porque lendo
a Bíblia percebe-se claramente que nos Céus, não vai ter nada disso!
Lembro que certo dia, ouvi de um
professor-pesquisador da UFS, na área de Ciências da Religião que poucos jovens
evangélicos entram na Universidade Federal, e os poucos que entram no ensino
superior, em sua maioria, são em instituições particulares de ensino.
Disse ao mesmo, que muitos líderes
tradicionais, (caso da Primeira Igreja Batista de Aracaju) não estimulam as
suas jovens ovelhas a estudarem na Universidade, porque temem a influência da
mesma no desenvolvimento da capacidade crítica dos seus liderados.
E que o jovem evangélico que vem de uma
família com baixa condição e não consegue entrar nas Universidades Federais (algo
já comprovado cientificamente), também não consegue ingressar nas Universidades
Particulares.
O que futuramente, acaba gerando classes sociais diferentes, dentro da Igreja. Porque aquele jovem evangélico, que conseguiu obter o diploma em alguma faculdade particular (em geral, filhos de líderes) passa a ter melhores colocações no mercado de trabalho, do que aquele jovem que não conseguiu o diploma em nenhuma instituição e consequentemente tem ascensão social e melhor qualidade de vida.
O que futuramente, acaba gerando classes sociais diferentes, dentro da Igreja. Porque aquele jovem evangélico, que conseguiu obter o diploma em alguma faculdade particular (em geral, filhos de líderes) passa a ter melhores colocações no mercado de trabalho, do que aquele jovem que não conseguiu o diploma em nenhuma instituição e consequentemente tem ascensão social e melhor qualidade de vida.
Concluímos que os líderes evangélicos
que mais estimulam os jovens a estudarem são líderes neo-pentecostais que
defendem a “Teologia da Prosperidade”, porque entendem que quanto mais os
jovens estudarem, terão melhores colocações no mercado de trabalho e melhores
salários e consequentemente a Igreja terá um aumento na arrecadação de dízimos
e ofertas. Um irmão que tem alta remuneração é um irmão que oferece a Igreja um
bom dízimo e ofertas, caso seja, dizimista e/ou ofertante.
Fora isso, muitos líderes evangélicos ao
verem jovens estudando e buscando crescimento profissional secular, começam a
estimula-los a ocupar cargos e funções dentro da Igreja... Talvez por medo de
“perdê-los”... Por conta disso, procuram formas de conter o desenvolvimento
acadêmico e secular das suas ovelhas.
Os verdadeiros jovens evangélicos (os
que estão na faixa etária dos 18 a 35 anos) são jovens da “Geração Y”, que são
tratados e manipulados a serem jovens da “Geração X” por Líderes que foram
oriundos dessa mesma geração.
A “Geração X” diferentemente da “Geração
Y” era a geração jovem menos questionadora e mais passiva de todos os tempos.
Por conta disso, muitos adultos
da “Geração X” atualmente, se comportam como “ garotinhos’ e “ garotinhas” e chegam a tomar o espaço da atual geração. Isso
acontece, porque só agora, ao se estabilizarem financeiramente e passarem a ter
independência em relação as suas famílias acreditam que podem viver aquilo que
não viveram, e fazer o que não fizeram, quando jovens.
Eis o caso, Daniela Mercury, que só se
decidiu “sair do armário” depois de uma longa carreira de sucesso, ter sido
casada e com filhos...
Hoje em dia, muitas empresas e instituições como a Igreja, apresentam dificuldades em atrair e manter jovens, porque querem um público que já não existe mais... Ou melhor, algumas vezes, chego a acreditar que não querem o público jovem, por medo de mudanças.
Os Governantes investem muito pouco em
juventude, principalmente na geração empregos para os jovens. Os jovens só são
lembrados quando estão em pauta campanhas eleitoreiras, mas tanto no Governo,
como dentro dos Partidos, a Juventude não tem o espaço que deveria...
Basta olharmos e constatarmos, quantos
vereadores, prefeitos, governadores e secretários de estado, são jovens?
Em Aracaju, o único jovem a assumir uma
Secretaria Municipal foi o Adm. Carlos Eloy.
Lembro que lendo o livro A SAGA DOS
PIONEIROS BATISTAS (1913- 2003) de autoria da competente Jornalista, (por que
não dizer Historiadora), Sandra Natividade, descobri que Pr. JABES NOGUEIRA (O
PAI) assumiu o Pastorado da Primeira Igreja Batista de Aracaju, com 28 anos de
idade. Hoje, vejo que os Pastores da PIBA, estão todos na faixa dos 40 a 50
anos.
Para concluir, o que quero dizer com
esse Texto é que:
1-Tanto a Igreja, como a Sociedade como
um todo, não estão dando espaço para que os jovens sejam os protagonistas do Processo
de Construção e Evolução da Sociedade.
Restringindo a nossa atuação, como protagonistas, apenas nas redes
sociais.
2-Os jovens da “Geração Y” são vistos,
pelos adultos da “Geração X”, como imaturos, rebeldes e indisciplinados. No
entanto, esquecem que o Aborto, a Maconha, o Cigarro, a Bomba Atômica, Crimes
Bárbaros, Pornografias, e muitas outras porcarias da Sociedade Contemporânea,
NÃO foram frutos da nossa geração.
3-A Sociedade e a Igreja querem formar
Jovens com o perfil da “Geração X”, numa Conjuntura Mundial totalmente diferente
dos anos atrás. Ou seja, querem formar jovens manipulados e manipuláveis e sem
protagonismo em um Mundo Globalizado.
Espero que os jovens da “Geração Y”
algum dia, percebam a manipulação que estão expostos diariamente, e lutem para
conquistar o seu espaço, não apenas nas redes sociais, mas no Mercado de Trabalho,
na Política, nas Igrejas, enfim, no
Mundo...
Obrigado Anna Marília, pois faz-me refletir sobre os conflitos entre estas gerações e o que nós poderemos fazer, como formadores de opinião. Abcs, Ezequiel.
ResponderExcluirCuidado! Você não será jovem por muito tempo e, talvez, não a maior parte de sua vida!
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