"TEMOS METAS DE CRESCIMENTO"; DIZ PASTOR.






Por esses dias, estava assistindo a algumas entrevistas dadas por pastores sobre a igreja que pastoreiam... e escutei uma frase que chamou a minha atenção: "TEMOS METAS DE CRESCIMENTO".

A Análise do discurso é uma prática e um campo da lingüística e da comunicação especializado em analisar construções ideológicas presentes em um texto. É muito utilizada, por exemplo, para analisar textos da mídia e as ideologias que os engendram. A análise do discurso é proposta a partir da filosofia materialista que põe em questão a prática das ciências humanas e a divisão do trabalho intelectual, de forma reflexiva.

De acordo uma das leituras possíveis, discurso é a prática social de produção de textos. Isto significa que todo discurso é uma construção social, não individual, e que só pode ser analisado considerando seu contexto histórico-social, suas condições de produção; significa ainda que o discurso reflete uma visão de mundo determinada, necessariamente, vinculada à do(s) seu(s) autor(es) e à sociedade em que vive(m).

Na vida cristã, temos que analisar constantemente o discurso não apenas dos nossos líderes, mas de toda palavra que nos é dada, verificando se a mesma está de acordo com as Escrituras Sagradas. É uma forma de resistirmos a heresias e desvios doutrinários que surgem no meio cristão.

"Examinai tudo. Retende o bem.
1 Tessalonicenses 5:21 -

Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus."
Mateus 22:29


A linguagem não é mero código que se aprende e aplica, de modo mecânico e/ou automático. Não pode, portanto, ser considerada segundo uma visão mecanicista, que leva a uma produção discursiva acrítica e/ou limitada em suas possibilidades. A boa prática discursiva, ao contrário, implica compreender que a linguagem não pode ser estudada independentemente de seu contexto sócio-histórico, isto é porque traz em si os valores e a história social de diferentes grupos.

A Análise do Discurso (AD) se aplica a qualquer tipo de texto. Não é exclusividade de estudantes e pesquisadores em Letras e não é mera técnica de comentário de texto. O profissional que compreende o funcionamento da linguagem da perspectiva ora proposta saberá adequá-la às suas diferentes áreas de atuação.

Estive presente em uma Assembléia da igreja ao qual congrego( todo membro também é congregado), onde estavam realizando a leitura para aprovação do novo estatuto e regimento interno da igreja, método que transmite uma idéia de democracia nas deliberações tomadas pela liderança.


Porém, quando chegamos nas atribuições pastorais, encontrei um texto que foi aprovado pela igreja, mas que o Espiríto Santo incomodou-me profundamente... o texto diz o seguinte:

São atribuições do Pastor Presidente:
"Promover o desenvolvimento espiritual e o crescimento numérico da igreja."



Ou seja, analisando o discurso, se a igreja cresce tanto numericamente, quanto espiritualmente, foi devido a atuação pastoral.



Certo?

Errado!

O dever de todo cristão é transmitir a palavra de Deus, mas é o Espirito Santo que convence do pecado, do juízo e da justiça ao homem natural.

O líder espiritual tem a missão de cuidar das ovelhas que foram destinadas aquele rebanho, pelo Supremo Pastor, tem a missão de levar a Palavra de Jesus aos quatro cantos da terra, tem a missão de criar até mesmo estratégias e métodos de evangelismo e doutrinamento.

 



"Pois, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos para ganhar o maior número possível: Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse eu debaixo da lei (embora debaixo da lei não esteja), para ganhar os que estão debaixo da lei; para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. Ora, tudo faço por causa do evangelho, para dele tornar-me co-participante." (I Cor. 9: 19 a 23).
Mas tendo a consciência de que ele não é nada, diante do poder de Deus. Que a Igreja, só crescerá até quando o Senhor quiser... que uma igreja cheia, não significa que esteja espiritualmente abundante, assim como uma igreja vazia, também é um sinal de alerta para os pastores. Mas quem decide sobre o crescimento ou não do número de pessoas convertidas é o Espiríto Santo.Na minha visão o texto que deveria ser aprovado, seria da seguinte forma:
"Promover através da atuação do Espiríto Santo, o desenvolvimento espiritual e o crescimento numérico da igreja."


O crescimento da igreja é obra de Deus. A conversão não pode ser produzida por nenhuma ação humana. Só o Espírito de Deus pode regenerar o coração do homem. Só o Pai pode trazer os homens a Cristo. Só Cristo pode salvar o pecador. A igreja pode plantar e regar, mas só Deus pode dar o crescimento. Somos cooperadores de Deus na proclamação do evangelho, mas só Ele pode acrescentar à igreja os que são salvos.
O crescimento da igreja precisa ser buscado pelos critérios bíblicos. Deus não está interessado apenas em crescimento numérico da igreja, mas em crescimento saudável. A igreja evangélica brasileira cresce em número, mas está decadente em qualidade. Temos extensão, mas não profundidade. Temos movimento, mas não quebrantamento; temos muita palavras de homens, mas, pouco Palavra de Deus.


O crescimento da igreja precisa evitar dois extremos: o primeiro é a numerolatria. Muitas igrejas buscam resultados a qualquer custo. Estão interessadas no que funciona e não na verdade. Buscam o que dá certo e não o que é certo. Para encher a igreja, muitos pregadores negociam a verdade, mercadejam o evangelho, fazem do templo uma praça de barganha, do púlpito um balcão, da graça de Deus um produto e dos crentes consumidores. Consequentemente, nem todo crescimento é resultado da ação do Espírito Santo. Nem todo crescimento significa salvação de vidas. Nem todo crescimento promove a glória de Deus. O segundo extremo que precisamos evitar é a numerofobia. Muitas igrejas tentam esconder o seu fracasso, justificando com argumentos vulneráveis a esterilidade da igreja. O escritor Rick Warren em seu livro Uma Igreja com Propósitos afirmou que não deveríamos perguntar: “o que fazer para a igreja crescer?”. Antes, deveríamos perguntar: “O que está impedindo a igreja de crescer?”. A igreja é um organismo vivo. Ela é o corpo de Cristo. Ela deve crescer naturalmente. O crescimento da igreja é um resultado de seu estilo de vida. Muitos pregadores tentam justificar a estagnação espiritual da igreja, dizendo que não estão buscando quantidade, mas qualidade. Precisamos alertar, entretanto, que qualidade gera quantidade. Não há qualidade estéril.
Mas... o que me deixa tranquila, é que  mesmo pecadora como sou, fiz a minha parte. Talvez, o que esteja acontecendo seja um reflexo da condição espiritual da igreja, que apesar de estudar tanto a Bíblia, ainda se perde em questões doutrinárias tão simples.

Fontes: Bíblia Sagrada
             http://pt.wikipedia.org/wiki/An%C3%A1lise_do_discurso
             http://www.infoescola.com/linguistica/analise-do-discurso/
             http://cogeae.pucsp.br/cogeae/curso/2495
            http://www.pibasergipe.com.br/downloads.asp
            http://www.gospel10.com/artigos/artigo--quem-convence-o-homem-do-pecado-da-justica-e-do-juizo--1317
            http://paulodetarsoap.blogspot.com.br/2010/06/loucura-da-pregacao.html
           http://www.blogfiel.com.br/2012/08/crescimento-numerico-sem-discipulado-nao-e-um-atalho-e-um-beco-sem-saida.html
           http://www.igrejabatistaemanuel.org.br/interna.php?modo=REFLEXAO&id=86





 

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