NÃO QUERO MAIS SER EVANGÉLICA!

Hoje o AltoFalanteGospel, quer tratar de um assunto um tanto triste para alguns, e polêmico para outros...

Há mais ou menos 15 dias, recebi um papel, das mãos de um dos líderes da Primeira Igreja Batista de Aracaju.

Por incrivel que pareça, no primeiro momento, fiquei sem ação... mas depois senti que tinha recebido a minha Carta de Alforria!



Para quem não sabe o que é um Carta de Alforria, segue a definição:
  
A carta de alforria era um documento através do qual o proprietário de um escravo rescindia dos seus direitos de propriedade sobre o mesmo. O escravo liberto por esse dispositivo era habitualmente chamado de negro forro.

Ao segurar o papel em minha mãos, pensei:

Eu não sou mais evangélica...

Mas depois... o que veio em minha mente, foi que existem muitas igrejas por aí, que poderia me identificar com algumas delas, me adaptar e ser aceita pela sua  membresia, e pelos seus líderes.

Foi aí que pense mais um pouco, e conclui:

NÃO QUERO MAIS SER EVANGÉLICA!

ESTOU VOLTANDO A SER UMA JOVEM CATÓLICA APÓSTOLICA ROMANA... 

EU QUERO SER CRISTÃO, EVANGÉLICO NÃO!!!

Pesquisando na internet, encontrei um texto maravilhoso, e que descreve exatamente, o que vivenciei dentro da Primeira Igreja Batista de Aracaju, e que pude observar nas mais diversas denominações.



O texto é de autoria de um pastor... mas a sua viés textual, é muito semelhante a minha. O que me deixou ainda mais encantada!

Ele escreveu, aquilo que não conseguia escrever, apesar de ver...

O texto segue a seguir:


"Depois de 28 anos de vida cristã, finalmente me dei conta de que o termo "evangélico" perdeu, por completo, seu conteúdo original. Ser evangélico, pelo menos no Brasil, não significa mais ser praticante e pregador do Evangelho (Boas Novas) de Jesus Cristo, mas, a condição de membro de um segmento do Cristianismo, com cada vez menor relacionamento histórico com o Cristianismo verdadeiro, sendo o segmento mais complicado, controverso, dividido e contraditório do Cristianismo. O termo evangélico, na verdade tornou-se uma religião, assim como ser católico, espírita, budista, etc. Ser evangélico é sofrer de uma grave doença que precisa urgentemente de uma cura: o evangelho.

Como pastor, há muitos anos tenho falado que não podemos ser ou ter uma religião, ou seja, sermos apenas cristãos nominais e isso foi tudo o que os evangélicos se tornaram: religiosos, nominais, um agrupamento de cegos guiando outros cegos.

Não quero mais ser evangélico! Quero voltar para Jesus Cristo, para a boa notícia que Ele é e ensinou. Quero voltar a ser adorador do Pai porque, segundo Jesus, são estes os que o Pai procura e, não por profissionais, mercantilistas e estelionatários da fé, jazendo em seus púlpitos túmulos de podridão.

Cansei! Não quero mais ser evangélico, não dá mais! Os evangélicos são uma aberração. Ser evangélico é ver igrejas se ploriferando como um vírus arrasador, contaminando e destruindo vidas com uma patogenia nunca antes vista. Elas variam seu DNA de "comunidade disso" até "igreja pentecostal não sei daquilo", mas que não passam de farinha podre do mesmo saco.

Seus sintomas são uma variedade de pecados e atos imorais que chegam a tirar o fôlego de quem ouve: desde pastores que abandonam suas famílias para saírem em uma aventura sexual com a mulher de seu vizinho até a beata que ora em línguas realmente estranhas para Deus. De pastores que vendem a alma ao diabo para verem suas igrejas crescerem para se locupletarem da "lã e gordura" das ovelhas, até aqueles que usam da Igreja como plataforma para venderem seus talentos como um Supermercado da Fé.

A igreja evangélica que conheci e amei foi roubada das mãos de Jesus pelos homens. Por isso Jesus não vem buscar mais a igreja e sim Sua Noiva que só é composta de pecadores arrependidos, que fogem do pecado, assim como o diabo foge do precioso Sangue de Jesus que nos purifica de todo o pecado.

A igreja evangélica que conheci e amei está mortalmente doente. Muito mais doente do que a sociedade que a circunda. A igreja tenta esconder suas doenças. É muito "evangeliquez" prá lá e prá cá, tentando esconder a vontade de matar. O que nós temos hoje no Brasil, já não são mais igrejas cristãs. Com algumas exceções, você vê indivíduos cristãos e esta estrutura que existe dentro dela é pagã. É macumba sendo feita em nome de Jesus é umbanda feita em nome de Jesus é feitiçaria evangélica de todas as formas e modelos de uma saciedade sem fim.

A mecânica espiritual que está em processo é a do sacrifício dos ritos pagãos, apenas as nomenclaturas é que servem de uma maneira estelionatária das simbolizações cristãs, mas os conteúdos são pagãos. Só não vê quem não quer. Estas teologias todas da prosperidade que estão por aí, nada mais são do que barganhas com Deus. Faz isto que Deus vai fazer aquilo. Faz um sacrifício, que Deus vai te dar tudo.

Viver o evangelho não implica necessariamente ser parte da igreja evangélica em sua configuração atual. Aliás, não implica em configuração alguma, de tempo algum, pois, de fato, a única coisa que implica é ser de Cristo e quem é de Jesus conforme a consciência do Evangelho é "Noiva de Cristo" e nunca deixa de encontrá-la seja onde, como e quando for.

Ninguém deixa a fé por quase nenhuma outra razão. As pessoas perdem o romance com Deus porque a "visibilidade de Deus" na "igreja evangélica" é muitas vezes desumana e diabólica. A "Igreja" é uma maquina de explorar e dissecar seres humanos até à medula. Não sobra nada.

Além disso, a prevalência do surto neo-pentecostal, de um lado e a aridez estéril dos históricos, de outro lado provocaram um subproduto que faz os dias anteriores a Reforma Protestante parecerem piores apenas na rudeza, mas inocentes no processo de manipulação, de paganismo e de blasfêmia contra o Evangelho.

"Os escândalos" acerca dos quais Jesus falou não são "fraquezas humanas" [essas não tiram a fé de ninguém apenas entristecem], mas sim a perversidade humana contra o pequenino e, nesse quesito, nada é mais ofensivo à percepção humana do que a pratica do que é "desumano" ou do que é "perverso" feitos em nome de Deus. Portanto, a "Igreja" é o próprio escândalo.

Falta conversão! Conversão dos pastores e líderes e, também, em menor escala, do povo. Mas o fato é que a doença evangélica não tem cura. Nestes anos todos só vi a doença aumentar. Evangélico quer saber de Deus para os outros, não para si mesmo e o Deus que o evangélico quer para si mesmo é apenas aquele Grande Gerente de Negócios e aquele que dá uma força ao evangélico, mesmo que seja para a canalhice grassar em nome de Deus.

A maioria dos evangélicos que eu conheço, diz acreditar em Deus e em Jesus. Mas conheço poucos que conheçam a Deus para si mesmos, como poder interior e transformador. Infelizmente a coisa toda varia entre o circo e o negócio. E os que não estão dentro do espectro desses dois pólos, estão tão engessados na religião e nas médias evangélicas de moral, doutrinas, e tradições..., que por completo se perderam. É tudo uma grande pena!

Não! Não quero mais ser evangélico. Quero voltar à consciência de que o Caminho, a Verdade e a Vida é uma Pessoa e não um corpo de doutrinas, tradições e usos e costumes, nascidas da tentativa de dissecarmos Deus, de que, estar no caminho, conhecer a verdade e desfrutar a vida é relacionar-se intensamente com essa Pessoa: Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho do Deus vivo.

O único relacionamento com Deus possível é o "em espírito e em verdade". O resto é invenção. Deus não costuma freqüentar culto evangélico. Ele sente vergonha e tristeza. Ele sabe que para os "evangélicos" Deus é "evangélico" e Deus sofre com essa blasfêmia. O conhecimento de Deus jamais produziria um "evangélico típico". Quem conhece a Deus não fica "evangélico". Simplesmente não dá. Obviamente que aqui trato "evangélico" como essa cultura prevalente que açambarcou o nome, a terminologia, a nomenclatura,e, também, designou o estereótipo e a caricatura do que seja "um evangélico"

Chega dessa religiosidade pagã e corrupta! Quero de volta à graça, à centralidade da cruz, onde tudo foi consumado. Quero à consciência de que fomos achados por Ele, que começou em cada filho Seu algo que vai completar: quero voltar às orações e jejuns, não como fruto de obrigação ou moeda de troca, mas, como namoro apaixonado com o Ser amado da alma resgatada.

Quero os dogmas que nascem desse encontro: uma leitura bíblica que nos faça ver Jesus Cristo e não uma leitura bibliólatra. Não quero a espiritualidade que se sustenta em prodígios, no mínimo discutíveis, e sim, a que se manifesta no caráter. Não quero ter nada com estes mercadores que transformaram a Igreja Evangélica num covil de ladrões e salteadores.

Quero voltar ao amor, à convicção de que ser cristão é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos: voltar aos irmãos, não como membros de um sindicato, de um clube, ou de uma sociedade anônima, mas, como membros do corpo de Cristo. Quero relacionar-me com eles como as crianças relacionam-se com os que as alimentam - em profundo amor e senso de dependência: quero voltar a ser guardião de meu irmão e não seu juiz. Voltar ao amor que agasalha no frio, assiste na dor, dessedenta na sede, alimenta na fome, que reparte, que não usa o pronome meu, mas, o pronome nosso.

Para que os títulos: pastor, reverendo, bispo, apóstolo, o que eles significam, se todos são sacerdotes? Para que o clericalismo? Quero voltar a ser servo dos outros, aos dons do corpo que correm soltos e dão o tom litúrgico da reunião dos santos ao "onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu lá estarei" de Mateus 18.20.

Que o culto seja do povo e não dos dirigentes - chega de shows da fé! Quero voltar aos que sob unção do Espírito Santo, cuidam da ministração da Palavra, da vida de oração da comunidade e para que ninguém tenha necessidade, seja material, espiritual ou social. Chega de ministérios megalômanos onde o povo de Deus é mão de obra ou massa de manobra para enriquecer seres espúrios de sentimentos.

Larguei de vez o "ministério pastoral", assim chamado pelos evangélicos, pois minha alma já não suportava mais o convívio com tanta malandragem e hipocrisia entre a "classe pastoral". Quero ser sim um pastor segundo o coração de Deus, não mais um administrador eclesiástico, ou aquele que "cobra o escanteio e corre na área para cabecear", ou aquele que se dá bem porque tem o "dom de pedir" ou mesmo aquele que espolia a ovelha sem dó!

Não quero mais saber deste esquema religioso, o qual apenas me dá âncias de vômito. Viver dentro das paredes da religião e junto à "categoria sindical dos pastores evangélicos" me trás hoje apenas indignação e tristeza. Todavia, deixo bem claro. NÃO vou deixar de anunciar a Palavra, pois isto nunca esteve em meu coração. Afinal, eu sei que nasci para ser mensageiro do Evangelho de Jesus, puro e simples como ele é e apascentar e alimentar as ovelhas que o Pai me concedeu.

Para que os templos, nem o Pai quiz saber dele. Para que o institucionalismo, o denominacionalismo? Voltemos às catacumbas, à igreja local que começou nas casas. Por que o pulpitocentrismo? Voltemos ao "instruí-vos uns aos outros" de Colossenses 3. 16.

Por que a pressão pelo crescimento? Jesus Cristo não nos ordenou a sermos uma Igreja que cresce, mas, uma Igreja que aparece: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus". (Mateus 5.16).

Quero aprender e ensinar as ovelhas que o Pai me deu para pastorear a anunciar com nossas vidas, serviços e palavras todo o Evangelho ao homem... a todos os homens. Quero deixar o crescimento para o Espírito Santo que acrescenta dia a dia os que haverão de ser salvos, sem adulterar a mensagem.

As pessoas, as igrejas, a sociedade, não sabem o que é o evangelho. O evangelho não é o show de mágica, não é o show da fé promovido em cada garagem que leva uma placa com a inscrição "igreja" em cima. Também não é a monotonia e o estado de quase-morte das igrejas tradicionais em seus templos túmulos.

Apesar de generalizar no texto, quero deixar bem claro que esta declaração é somente contra àqueles, que bem sabem de quem estou falando e que usam do que se tornou a religião evangélica para promover seus próprios anseios e desfigurações espirituais. Que transformaram as igrejas em pequenos reinos oligarquicos onde eles e suas famílias reinam absolutos e hedonisticamente sem entenderem sequer o propósito da Graça de Deus. "

Esta é a posição que assumo a partir de novembro de 2008.

Pr.Paulo C. Pereira



Fontes: http://caminhocuritiba.com.br/opiniao-direta/nao-quero-mais-ser-evangelico 
           http://www.teologiaevida.com.br/2011/10/nao-quero-ser-mais-evangelico-ariovaldo.html
           http://www.jesussite.com.br/acervo.asp?Id=1418
          http://pt.wikipedia.org/wiki/Alforria
          http://www.pibasergipe.com/

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