A NOBREZA E A PLEBE: A DIVISÃO DE CLASSES NAS IGREJAS EVANGÉLICAS


                                     



Após um breve período de silêncio... hoje voltamos a ligar o AltoFalanteGospel... e o tema a ser desenvolvido é a divisão de classes nas igrejas evangélicas.

Por um determinado período de tempo passei a observar a dinâmica das relações sociais nas igrejas protestantes/evangélicas de diferentes denominações sobretudo nas igrejas batistas, e dentro desse contexto a Primeira Igreja Batista de Aracaju, e percebi que dentro da igreja existem duas categorias:

A nobreza composta pelos pastores, diáconos e diretores de departamentos e a plebe composta pelos demais irmãos, membros do rebanho.

A nobreza em sua maioria tem acesso ao poder através da justificação da "eleição divina", e em geral, pode ser amada ou odiada.

Como todos sabem, a sociedade feudal é estática (com pouca mobilidade social) e hierarquizada. A nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero (membros da Igreja Católica) tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de impostos e arrecadava o dízimo. A terceira camada da sociedade era formada pelos servos ou plebeus (camponeses) e pequenos artesãos. Os servos ou plebeus deviam pagar várias taxas e tributos aos senhores feudais, tais como: corvéia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade da produção), banalidade (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor feudal).

A Nobreza representava uma elevada classe social que tinha ligações políticas com o reinado de sua nação e participava das decisões dos governantes. Apesar de ser parcialmente extinta a partir do século XX, alguns países ainda têm os seus nobres, a maioria deles adaptado ao sistema capitalista, que se tornou hegemônico.


O título de nobreza era símbolo de status social. Para manter as aparências, geralmente arranjavam casamentos entre eles. A junção de duas famílias influentes, por exemplo, poderia significar mais força política.



Em muitas igrejas evangélicas, percebemos que existem pequenas "oligarquias" no comando denominacional, comando este que é repassado de geração em geração, através do critério consanguíneo. Em geral, esse cultura baseia-se no Antigo Testamento e nas Genealogias Bíblicas, como por exemplo,  a de Jesus,  que segundo estudiosos, apesar de nascer pobre, descende diretamente da Casa Real de Davi.

No entanto, em vez de usarem a expressão "sangue azul" ( expressão que indica a descendência nobre de um indivíduo através do critério sanguíneo) dentro das igrejas evangélicas existem as expressões: "povo escolhido", " povo ungido do Senhor" o que demonstra que existem aqueles que são "os escolhidos" (nobres) e os outros que não foram escolhidos (plebeus).


É comum encontrarmos nas igrejas evangélicas casamentos entre descendentes de "famílias pastorais", semelhante a junção de casamentos entre nobres, para unir reinos e principados o que aumenta ainda mais o domínio e poder dos membros dessas famílias entre o "povo de Deus".


A nobreza apesar de estar socialmente distante das camadas mais baixas, tinha o influente papel de servir como modelo político e ideológico de uma comunidade. Quando havia batalhas travadas pelo rei, o nobre era responsável por mobilizar seus servos mais fiéis para que eles incitassem os mais pobres a participarem do confronto. Semelhantemente, muitos líderes evangélicos realizam esse tipo de papel, impulsionando os fiéis a serem verdadeiros "soldados de Cristo", pregando o Evangelho ao redor do Mundo e até morrendo por ele, enquanto eles como  líderes (nobres) permanecem em suas localidades de origem, sendo sustentados pelos irmãos (plebeus).


Outro curiosidade, é que por conta dessa visão feudal, surgiram várias doutrinas teológicas como a Teoria da Maldição Hereditária que afirma que um indivíduo descendente de famílias de religiões não cristãs, possui uma linhagem "amaldiçoada", ou seja," menos santa" que os nobres "escolhidos".

Eu, por exemplo... segundo alguns religiosos evangélicos, como neta, bisneta e tataraneta de espíritas kardecistas e do baixo espiritismo, descendo de uma "linhagem amaldiçoada" aos olhos de Deus e por conta disso, sou menos santa, menos abençoada e preciso de libertação.


Outro ponto a salientar é que semelhantemente aos títulos de nobreza que eram distribuídos conforme sua importância nas decisões políticas, e eram hereditários, ou seja, iam de pai para filho. Os principais títulos nobiliárquicos eram, em escala ascendente: escudeiro, barão, visconde, conde, marquês, duque, infante, príncipe, regente e rei.


Nas igrejas evangélicas, filhos de pastores são os mais indicados a serem pastores, diáconos, ou no mínimo diretores de departamentos ou líderes de ministérios, respeitando assim, o critério da consanguinidade/ hereditariedade, característico do regime feudal.

Mas para encerrarmos a nossa análise, deixo essa breve reflexão:


"Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.

E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa."



Depois disso olhei, e diante de mim estava uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, de pé, diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas e segurando palmas.
E clamavam em alta voz: "A salvação pertence ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro".










                               








Fontes: http://www.freibetto.org/index.php/artigos/59-a-plebe-e-a-nobreza
            http://casadosaber.com.br/sp/cursos/historia/nobres-e-plebeus.html
            http://pt.wikipedia.org/wiki/Nobreza    http://pt.wikipedia.org/wiki/Nobreza_feudal
http://www.infoescola.com/sociedade/nobreza/
            http://vivendoapalavradejesus.blogspot.com.br/2012/06/maldicao-hereditaria.html
        http://www.montesiao.pro.br/estudos/libertacao/7semanas/estudo_maldicao.html
http://www.lideranca.org/cgi-bin/index.cgi?action=forum&board=teologia&op=display&num=1774
http://www.jabesmar.com.br/didatica/103-maldicao-hereditaria.html

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