CULPA X LIBERTAÇÃO: A UTILIDADE DO "SENTIMENTO DE CULPA" DENTRO DAS IGREJAS...



***DEDICO ESSE TEXTO A TODOS QUE POR ALGUMA RAZÃO SE SENTEM CULPADOS, EM ESPECIAL, A LÍDERES RELIGIOSOS QUE SE UTILIZAM DO MEDO E DA CULPA PARA MANIPULAR OS SEUS FIÉIS. 

SOBRETUDO AOS LÍDERES DA PRIMEIRA IGREJA BATISTA DE ARACAJU.

Primeira postagem do mês de junho...
Há algum tempo, procurava entender porque muitos líderes religiosos procuram gerar o sentimento de culpa em seus fiéis, sobretudo os líderes protestantes.
Percebi que no Cristianismo a percepção de culpa antecede o arrependimento e muitas vezes a conversão.
No entanto, esses mesmos líderes ao cometer erros em seus ministérios, não assumem as suas culpas, muitas vezes "jogando a culpa", para os fiéis.
Outra questão que identifiquei é que o "homem religioso" ao se envolver em adultério por exemplo, tende a jogar a culpa para mulher, como se a mesma, herdasse geneticamente e espiritualmente " a culpa de Eva" por ter "tentado" Adão. 
E muitas mulheres, crentes ou não, preferem acreditar que a culpa é sempre da "outra", ao invés de admitir que foi traída pela livre vontade dos seus companheiros.
Lembro que certo dia ouvi da minha sábia Mãe que para o homem ( sexo masculino) é mais fácil lidar com a dor,  do que com a culpa. 
Por isso muitos traem suas esposas, mas dificilmente as deixam, por conta do sentimento de culpa que sentem ao deixar as suas esposas e respectivas famílias, sentimento esse; muitas vezes, gerado mais pela concepção hipócrita religiosa, do que pelo arrependimento propriamente dito.

Por conta disso, comecei a pesquisar profundamente sobre o tema.

Logo mais abaixo, segue as minhas considerações:

No Direito Penal quando alguém quer cometer um delito ou assume o risco de cometê-lo, essa pessoa estará agindo dolosamente. Mas se ela cometeu o crime apenas por negligência, imprudência ou imperícia, ele estará agindo culposamente.

Mas o que é a Culpa? 
Qual a sua origem?




O sentimento de culpa é o sofrimento obtido após reavaliação de um comportamento passado tido como reprovável por si mesmo. A base deste sentimento, do ponto de vista psicanalítico, é a frustração causada pela distância entre o que não fomos e a imagem criada pelo superego daquilo que achamos que deveríamos ter sido.

Há também outra definição para "sentimento de culpa", quando se viola a consciência moral pessoal (ou seja, quando pecamos e erramos), surge o sentimento de culpa.


O sentido religioso de culpa, pelo qual um ato da pessoa recebe uma avaliação negativa da divindade, por consistir na transgressão de um tabu ou de uma norma religiosa. A sanção religiosa é um ato social, e pode corresponder a repreensão e pena objetivas. De outra parte, a culpa religiosa compreende também um estado psicológico, existencial e subjetivo, que propõe a busca de expiação de faltas ante o sagrado como parte da própria experiência religiosa. O termo pecado está geralmente ligado à culpa, no sentido religioso.

Segundo um livro que estou lendo...

A ideia de culpa está articulada, dentre outras coisas, com a concepção filosófico-religiosa de que nascemos no pecado. Essa ideia nos acompanha desde o nascimento, em função de nossa cultura -"ocidental-cristã" - ser marcada pela perspectiva da queda. O texto bíblico do Gênesis diz que Adão e Eva pecaram ao comer o fruto proibido e, por isso, foram castigados com a expulsão do Paraíso. Daí em diante, todos os seres humanos - homens e mulheres -que viessem a nascer teriam essa marca originária do pecado e, consequentemente, da culpa.

Essa concepção atravessou épocas, sendo mantida e difundida pelo judaísmo e exacerbada pelas Igrejas cristãs, especialmente a católica, de tal forma que todos carregamos fortemente um sentimento de culpa que nos limita, e que, também, nos conduz à projeção e prática de atos que limitam os outros. Tanto nos limitamos com nosso sentimento de culpa, castigando-nos por múltiplos e variados mecanismos de autopunição, como o projetamos sobre os outros, castigando-os por seus supostos erros.

A partir da culpa, assumimos uma conduta sadomasoquista: masoquista, porque punimos a nós mesmos, e sádica, porque castigamos os outros a partir da projeção de nossos sentimentos de culpa. Muitas vezes não suportamos em nós e nos outros os sentimentos de alegria e prazer; por isso, castigamo-nos assim como aos outros. E o castigo, por vezes, pode chegar a ser para alguns, estranhamente, um ato prazeroso.

A concepção de vida culpada, que atravessou épocas, não ocorreu por acaso. Este processo se deu (e se dá) numa trama de relações sociais com a qual nos constituímos historicamente. O viés da culpa não é gratuito.

A culpa gera uma limitação da vida e produz uma rigidez na conduta, o que, em última instância, gera um autocontrole sobre os sentimentos, os desejos e os modos de agir de cada um. Emerge, desta forma, um controle social internalizado, e cada um fica como se estivesse engessado, impossibilitado de expandir seus sentimentos e necessidades vitais.

Interessa à sociedade em que vivemos esse engessamento dos indivíduos.

A culpa impede a vida livre, a ousadia e o prazer, fatores que, multiplicados ao nível social, significam a impossibilidade de controle do processo de vida em sociedade, segundo parâmetros conservadores. A sociedade conservadora não suporta existir sem os mecanismos de controle internalizados pelos indivíduos - a culpa é, assim, muito útil.

Ou seja, muitas vezes líderes religiosos utilizam o sentimento de culpa para dominar e manipular os fiéis a cumprirem fielmente as suas ordens "divinas", muitas vezes carregadas de vontades humanas e sentem prazer com isso.

Como por exemplo, usam frases desse tipo: 
"Faltar os cultos, (ou as missas, no caso da Igreja Católica) aos domingos é pecado!"
 "Você está roubando de Deus! "( Quando os fiéis não contribuem frequentemente com dízimos e ofertas).
" Você não vai para o Céu"!
 " Deus vai te castigar, pelo que você anda fazendo contra a "Igreja de Cristo"!



Segundo Rubem Alves a igreja desenvolve o medo nas pessoas para poder manipulá-las: segundo Alves, cria-se o inferno para poder vender o céu.

Encontrei um belo texto que define exatamente o que sinto em relação as igrejas que se dizem "cristãs".

Ele diz...

"Não posso me aborrecer com a igreja, posso me aborrecer com as pessoas que estão dentro dela. CNPJ não tem sentimentos bons ou maus, pessoas sim.

Os problemas são as pessoas. Não sou discípulo de Sartre, mas concordo que “o Inferno é o outro”. O ser humano é decepcionante e decepcionável onde quer que ele esteja, dentro ou fora de qual instituição quer que seja, professa ou laica.

Mas, sim! Sem generalizar, concordo que muitos religiosos cristãos não agem como Jesus agia posto usarem o medo como instrumento de manipulação dos indivíduos ou das massas: Apresenta-se o inferno para lucrar com a venda do céu.
No contexto do medo aparece a culpa. Se sou contraventor de uma “lei” espiritual, torno-me culpado. Se não tenho culpa, não serei punido ou repreendido, portanto não preciso ter medo. Se sinto culpa, mesmo perdoado dela, posso ir pro inferno existencial. Sentimento de culpa gera medo. Uma coisa é “culpa”, outra é “sentimento de culpa”. Posso ser diariamente perdoado de minhas culpas, mas preservar o sentimento delas, como se não perdoado tivesse sido: uma prisão existencial.
Sentimento de culpa é uma prisão e também um instrumento de manipulação.
Os Evangelhos nos contam que Jesus pagou a dívida de toda a humanidade. Ele se tornou culpado no lugar da humanidade e nenhuma condenação há para os que estão em Cristo. Ele é o perdão encarnado, personificado, perto, prático e (ao contrário do que muitos religiosos pregam): fácil!
Jesus pregou o amor, a libertação das culpas e, por fim, as expiou. Deus não é um carrasco, como alguns insistem em imaginar.

Religiosos pregam a necessidade deles e de suas normas e dogmas como eternos expias das culpas. Assim religiões tornam-se prisões das quais os libertados delas paradoxalmente tornam-se culpados. A “igreja” não é Deus, como alguns supõem. Decepcionam-se com a igreja (instituição humana) e descontam sua raiva em Deus… Isto é miopia espiritual. Dissonância cognitiva metafísica.
O interesse de Deus é perdoar todos, assim como ele fez com o marginal que estava crucificado ao lado de Jesus, que recebeu a salvação não por ser bom, mas (na reta final, salvo pelo gongo) por crer apenas. Esta facilidade irrita as pessoas vingativas e alguns religiosos. Mas Deus tira toda a culpa das nossas costas, basta crer, assim como o ladrão creu e perdeu sua culpa ante os céus. Tribunal fácil… Graças a Deus… Ou eu jamais seria salvo, pois eu sou muito parecido com você: Não possuo justiça própria. Se você é realmente culpado por algo, se desculpe, perdoe-se, abandone o erro e exorcize o sentimento de culpa.
Dizem que o catolicismo romano é mestre em usar a culpa como instrumento para manipular pessoas, mas vejo que muitos ramos ditos evangélicos também o fazem com destreza.
Entregue diariamente sua vida para quem pode te perdoar de toda e qualquer culpa. Afaste-se do pecado e lute contra as obras da carne. Sobretudo, aceite o perdão diário e jogue fora todo sentimento de culpa, que somente produz dor, angústia existencial e medo."

O QUE É SER VERDADEIRAMENTE LIVRE?




Liberdade é viver sem medo e sem culpa, porque se Jesus te libertar, você verdadeiramente será livre.


"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."

João 8:32

"Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres." 

João 8.36



Fontes: https://www.univates.br/bdu/bitstream/10737/.../NedersonEspindola.pdf
            www.interseccaopsicanalitica.com.br/.../Doris_Rinaldi_Culpa_e_Angusti..
            http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1415-11382007000100004&script=sci_arttext
            http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/ed_ciencias/avaliacao/biblioteca_PraticaEscolar.html
            http://www.gotquestions.org/Portugues/lidando-com-culpa.html
            http://www.cafecomdeus.com.br/sentimento-de-culpa/
            http://pt.wikipedia.org/wiki/Culpa_(sentimento)





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